O dedo em gatilho é uma patologia comum, muito conhecida no meio ortopédico e ocorre mais frequentemente em mulheres. Se conhece como dedo em gatilho o "travamento" do dedo em flexão quando a pessoa realiza o movimento de flexão-extensão, e pode ser uma causa de dor e incapacidade. A causa é geralmente desconhecida ou secundária a outras patologias como diabetes Mellitus, Doença renal, doenças reumáticas, entre outros. Dependendo do grau de acometimento o tratamento pode ser conservador ou cirúrgico.
Mas e isso pode ocorrer em crianças? A resposta é SIM. O dedo em gatilho pode acometer as crianças nos primeiros meses de vida e, nestes casos, é conhecido como dedo em gatilho congênito ou Polegar em Gatilho Congênito, devido ao fato de acometer principalmente o polegar.
Portanto sempre que notarmos que o dedo da criança não extende completamente, é necessário uma avaliação do especialista em Cirurgia da Mão, para poder chegar ao diagnóstico correto e excluir outras doenças que dão quadros semelhantes, como a artrogripose e anomalias do tendão extensor por exemplo. É imprescindível um diagnóstico e tratamento precoce pois o atraso do mesmo pode causar deformidade irreversível da articulação, comprometendo o resultado funcional do dedo e por consequência, da mão como um todo.
O tratamento antes de 1 ano de idade é conservador, com fisioterapia e, conforme necessidade, uso de órtese. Já as crianças com mais de 1 ano de idade que foram diagnosticadas tarde ou que não responderam ao tratamento conservador devem ser submetidas ao tratamento cirúrgico, que têm alta taxa de sucesso quando realizado por especialista da área. Uma dúvida que a maioria das mães têm quando levam seus filhos ao especialista e este indica o tratamento cirúrgico, é se esta cirurgia pode ser realizada em crianças com idades tão precoces.... e a resposta, como já mencionada acima, é sim! Pois com a resolução do problema podemos evitar alterações articulares e garantir um bom desenvolvimento funcional da mão.
7 Comments
Vi uma matéria sobre as especialidades médicas mais escassas no País (Genética médica e Cirurgia da Mão), o que já era do meu conhecimento, porém me veio uma pergunta à mente: Como será que isso afeta o nosso dia a dia? E como fazem os pacientes que necessitam destes especialistas?
Pois bem, difícil chegar a uma resposta, e difícil fazer uma análise tão ampla e generalizada, pois é um tema amplo que envolve muitas pessoas/ pacientes/ familiares/ médicos, etc..., onde cada história e cada desfecho daria pra escrever muitas linhas. De um modo geral, falarei sucintamente da minha vivência como especialista em Cirurgia da Mão e um pouco da experiência da minha esposa e colega de profissão, especialista em Genética Médica.... Sim, por incrível que possa parecer, somos um casal de médicos com as duas especialidades mais "raras"do país. Numa análise superficial isso pode parecer um excelente negócio, pois teríamos as portas abertas onde quer que fôssemos, mas a realidade é outra. No Brasil temos práticamente 3 formas de acessar os serviços de saúde, o SUS, os planos/seguros de saúde e os serviços particulares. A grande maioria dos pacientes procuram atendimento pelo SUS ou pelos planos de saúde, e como já é amplamente difundido, nenhum deles anda bem, um devido a uma política péssima de repasse de recursos e uma má gerência destes, e o outro devido à política de obter lucro (tendo que para isso cortar todo tipo de "gastos supérfluos")... ou seja, na prática, nem o SUS nem as operadoras querem aumentar seus "gastos", portanto não há interesse em contratar especialistas pouco solicitados pelos seus beneficiários. O que acontece com os pacientes é que estes acabam tendo um tratamento subótimo, ficando com mais sequelas ou até mesmo morrem antes de terem um diagnóstico. Os pacientes com doenças raras, andam perambulando por múltiplos especialistas, sem diagnóstico, gerando gastos desnecessários, gerando angústia nos familiares, e estes últimos, por falta de um simples aconselhamento genético, acabam tendo mais filhos com o mesmo problema... Os pacientes que nascem com deformidades nas mãos, ou que sofrem algum tipo de acidente que afete suas mãos/ punho/ antebraço/ nervos periféricos/ amputações/ ferimentos extensos com falhas de cobertura, etc... simplesmente ficam sem nenhum tratamento, ou nos casos de urgência, recebem tratamento por outros especialistas sem formação em cirurgia da Mão, que fazem o que podem dentro da realidade existente no nosso meio (ficam de mãos atadas pois o paciente necessita de tratamento e o Hospital não contrata e nem tem sobreaviso de Cirurgia da Mão). Portanto, e com certeza, isso gera um número maior de sequelas e um tempo maior de afastamento do serviço... Portanto é importante que os pacientes, familiares e até mesmo os médicos conheçam e exijam a presença destes especialistas em Seus convênios médicos, no SUS ou nos Hospitais/ Ambulatórios especializados. Somente com a cobrança dos que precisam é que haverá o interesse em oferecer o que já é direito destes. Seguem abaixo os links importantes: |
Autor:Dr Rodolfo Fabiano Niz Bareiro, especialista em ortopedia e traumatologia e especialista em cirurgia da mão. Histórico
June 2020
LINK RÁPIDO:
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